Informação sobre esquizofrenia, causas, sintomas e tratamento da esquizofrenia, identificando o diagnóstico de esquizofrenia paranóide, desorganizada, catatônica, indiferenciada e residual, com dicas para uma melhor qualidade de vida.


Atividade física e esquizofrenia

A prática de atividade física pode contribuir para a melhora da qualidade de vida de pacientes esquizofrênicos, pois exercita todas as capacidades funcionais do indivíduo; porém, poucos são os estudos desenvolvidos com o objetivo de verificar as mudanças de comportamento emocional das pessoas com essa patologia após a realização de um programa de atividade física regular, com ênfase na melhoria da sua qualidade de vida Podemos afirmar que se vários estudos científicos apontam atividade física regular como elemento altamente significante para a promoção e a manutenção da saúde, proporcionando acentuada melhora na qualidade geral de vida e como fator importante na prevenção do desenvolvimento de várias doenças crônicodegenerativas, para as pessoas com alguma deficiência, a atividade física se reveste de maior importância ainda, principalmente pela significativa possibilidade que pode oferecer a essas pessoas na busca de um novo sentido para sua vida, mais distante da doença e mais próximo da saúde e da melhor qualidade de vida compatível com a sua realidade.

Abordagens psicossociais no tratamento da esquizofrenia

O tratamento psicossocial é imprescindível para voltar a organizar a vida do paciente, melhorando a qualidade de vida dos portadores e seus familiares. O tratamento psicossocial tem várias vertentes como:
  • Psicoterapia Individual
  • Terapia Familiar
  • Terapias de Grupo
  • Terapia Ocupacional
  • Hospital-dia e Hospital-noite
  • Pensão Protegida
  • Oficina Abrigada
  • Acompanhamento Terapêutico

Tratamento farmacológico da esquizofrenia

 Os medicamentos têm duas funções principais:
  1. Alívio dos sintomas na fase aguda da doença (Em regime ambulatorial ou internação... O objetivo primordial do tratamento nesta fase é a diminuição da sintomatologia do paciente e proteção quando apresenta risco de auto ou heteroagressividade.)
  2. Prevenção de novos episódios da doença e a reabilitação do paciente.
Neurolépticos Tradicionais (Típicos):
  • Levomepromazina (Neozine)
  • Flufenazina (Anatensol)
  • Tioridazina (Melleril)
  • Periciazina (Neuleptil)
  • Haloperidol (Haldol)
  • Clorpromazina (Amplictil)
  • Pimozide (Orap)
Neurolépticos novos (atípicos):
  • Quetiapina (Seroquel)
  • Amisulprida (Socian)
  • Olanzapina (Zyprexa)
  • Risperidona (Risperdal)
  • Clozapina (Leponex)
  • Ziprazidona (Geodon)
Neuroléptico de 3ª geração
  • Aripiprazol (Abilift)
Efeitos Colaterais dos Antipsicóticos Típicos:
  • Distonia Aguda
  • Parkisonismo
  • Acatisia
  • Discinesia Tardia
  • Síndrome Neuroléptica Maligna

Tratamento da esquizofrenia

O Objetivo do tratamento da esquizofrenia é o controle dos sintomas e a reintegração do paciente e pode ser feito através de duas abordagens, farmacológica e psicossocial.

Esquizofrenia residual

Este termo é usado para se referir a uma esquizofrenia que já tem muitos anos e com muitas seqüelas. O prejuízo que existe na personalidade desses pacientes já não depende mais dos surtos agudos.
Na esquizofrenia assim cronificada podem predominar sintomas como o isolamento social, o comportamento excêntrico, emoções pouco apropriadas e pensamentos ilógicos.

Esquizofrenia indiferenciada

A esquizofrenia indiferenciada é um tipo de esquizofrenia que apresenta habitualmente um desenvolvimento insidioso com um isolamento social marcado e uma diminuição no desempenho laboral e intelectual. Observa-se nestes doentes uma certa apatia e indiferença relativamente ao mundo exterior.

Esquizofrenia catatônica

Este é um tipo de Esquizofrenia no qual o quadro clínico é denominado por pelo menos dois dos seguintes sintomas:
  1. imobilidade motora excessiva evidenciada por cataplexia (incluindo flexibilidade cérea ou estupor);
  2. atividade motora excessiva (aparentemente desprovida de propósito e não influenciada por estímulos externos);
  3. extremo negativismo (uma resistência aparentemente sem motivo a toda e qualquer instrução, ou manutenção de uma postura rígida contra tentativas de mobilização) ou mutismo;
  4. peculiaridades do movimento evidenciadas por posturas (adoção voluntária de posturas inadequadas ou trejeitos faciais proeminentes);
  5. ecolalia ou ecopraxia.

Esquizofrenia desorganizada

Neste grupo se incluem os pacientes que têm problemas de concentração, pouca coerência de pensamento, pobreza do raciocínio, discurso infantil.
Às vezes, fazem comentários fora do contexto e se desviam totalmente do tema da conversação.
Expressam uma falta de emoção ou emoções pouco apropriadas, rindo-se a gargalhadas em ocasiões solenes, rompendo a chorar por nenhuma razão em particular, etc.
Neste grupo também é freqüente a aparição de delírios (crenças falsas), por exemplo que o vento move na direção que eles querem, que se comunicam com outras pessoas por telepatia, etc.

Esquizofrenia paranóide

A característica essencial da esquizofrenia paranóide é a presença de delírios e alucinações auditivas e uma relativa preservação do funcionamento cognitivo e do  afeto. O prognóstico para este tipo de esquizofrenia é considerado melhor do que para os outros tipos, com relação ao funcionamento ocupacional e à capacidade para uma vida mais independente.
Paim (1990), denomina esquizofrenia paranóide o tipo clínico da enfermidade que se caracteriza pela predominância de delírios a alucinações. À medida que a enfermidade progride, o doente se integra em seu mundo delirante e alucinatório,  afastando-se cada vez mais da realidade, da qual retira apenas aqueles elementos que contribuem para fortalecer a sua convicção delirante. Em toda a sua evolução, não se observam alterações profundas da personalidade, como ocorre habitualmente nos outros subtipos de esquizofrenia.
As alucinações auditivas são muito freqüentes no quadro paranóide e se manifestam com a mais completa lucidez da consciência. Apresentam-se geralmente como vozes que censuram, condenam, ameaçam ou interferem diretamente nos atos do paciente Para o Paim, o segundo lugar em importância na esquizofrenia paranóide é ocupado pelos delírios, vivências de influência corporal que se apresentam como sensações anormais e desagradáveis. Em certos casos, os doentes se queixam de serem vítimas da prática de atos sexuais ou têm a sensação de que os órgãos internos do corpo mudaram de lugar. Observa-se também, uma série de alterações da sensibilidade tátil, térmica e dolorosa, que em muitos casos desempenham papel importante nos delírios persecutórios. Os pacientes se sentem influenciados pelo hipnotismo, pela telepatia, pelo rádio, pela eletricidade, pelo telefone, etc.
De acordo com o DSM-IV-TR (2002), os delírios na esquizofrenia paranóide são tipicamente persecutórios ou grandiosos. Os temas persecutórios podem predispor o indivíduo ao comportamento suicida e a combinação de delírios persecutórios e grandiosos pode predispor à violência. Aspectos associados incluem ansiedade, raiva e tendência a discussões.
Paim (1990), coloca que estes indivíduos muitas vezes mantém uma atitude de superioridade diante do médico. O tom de voz elevado, o olhar vivo e certa facilidade dos movimentos expressivos simulam uma atitude natural, nada indicando em sua aparência exterior de se tratar de um doente mental.
O indivíduo pode demonstrar uma atitude superior e condescendente, apresentar uma qualidade afetada ou formal, ou então extrema intensidade nas relações interpessoais.

Curso, evolução e prognóstico da esquizofrenia em crianças e adolescentes

A evolução de um processo esquizofrênico pode ser bastante variável e dependente de uma série de fatores, porém, de modo geral, trata-se de doença crônica, de curso contínuo ou episódico, e que deixa déficits na personalidade. O prognóstico, da mesma forma que o curso evolutivo, vai depender de fatores inerentes à doença, relacionados ao indivíduo, ao ambiente em que vive e às terapêuticas instituídas.

Sintomas da esquizofrenia em crianças e adolescentes

Alucinações
As alucinações auditivas são as mais comuns e, entre estas, as vozes imperativas e de caráter persecutório aparecem com maior freqüência. Outras modalidades podem ocorrer, tais como alucinações visuais, olfativas, gustativas, táteis e cenestésicas.
Alguns jovens e crianças maiores poderão omitir conscientemente suas vivências alucinatórias, enquanto crianças menores poderão não revelá-las por não as perceber como fenômenos anormais
Sinais comportamentais que sugerem a presença de alucinações são: solilóquios, risos imotivados, cobrir os ouvidos, parecer alheio ao ambiente ou olhar ao redor atento a “algo”, bater na cabeça ou com a cabeça na parede, por exemplo.
Alguns estudos demonstram que o mais freqüente sintoma psicótico em crianças e adolescentes é a alucinação auditiva, sendo percebida pela criança menor como “vozes vindas de dentro da cabeça” e pelo adolescente como “vindas de fora da cabeça”.

Delírios
São sintomas pouco freqüentes em crianças, talvez pela imaturidade cognitiva ou pela baixa incidência de esquizofrenia nessa faixa etária. Os mais comuns são os delírios de referência, de perseguição ou de que as pessoas podem ler suas mentes.
A temática, de um modo geral, está ligada às atividades e às preocupações do mundo da criança (monstros, fantasmas, animais) e do adolescente (imagem corporal, identidade sexual etc.). Quanto maior a idade, mais complexos e elaborados são os delírios.

Alterações na forma ou curso do pensamento
A avaliação dessas desordens na criança menor é difícil.
Em crianças mais velhas ou maiores de 7 anos, são comuns: afrouxamento das associações, fragmentação, incoerência e bloqueio do pensamento e pensamento ilógico ou bizarro.

Linguagem e fala
Quanto aos aspectos de linguagem, descreve-se o empobrecimento do vocabulário já adquirido, o comprometimento da modulação da fala, a ecolalia e o uso idiossincrásico das palavras, dando-lhes um significado hermético ou ilógico.

Comportamento / Motricidade
São freqüentes: comportamento desorganizado e inadequado, inquietação, falta de espontaneidade e iniciativa, isolamento, descuido com a aparência e com a higiene, maneirismos e trejeitos faciais e corporais.
Condutas impulsivas enigmáticas como automutilação, desnudar-se em locais inapropriados e tentativas de suicídio ou homicídio podem ocorrer.

Alteração do esquema corporal
Pode ser melhor evidenciada por meio de técnicas que utilizem desenhos, modelagem (com massas ou argila), jogos e brinquedos.
Observam-se objetos deformados, figuras humanas estranhas, fragmentadas ou bizarras. Há tendência a apresentar maneirismos e/ou padrões repetitivos de conduta.
A expressão do afeto pode parecer vazia ou estranha.

Afeto
Aparecem distanciamento emocional, redução ou achatamento do tônus afetivo, inadequação e incongruência ou ambivalência.

Humor
São comuns as alterações de humor (depressivo, eufórico, irritadiço ou disfórico) ou descargas emocionais numa psicose esquizofrênica incipiente na infância e na adolescência, o que pode confundir o seu diagnóstico com o de transtornos afetivos.

Avaliação diagnóstica de esquizofrenia na criança e no adolescente

A avaliação baseia-se, de modo geral, em anamnese e exames físico, neurológico e do estado mental. Avaliações complementares são úteis para investigação diagnóstica, planejamento e monitoramento da terapêutica.
São essenciais os dados sobre início, progressão e características dos sintomas, desenvolvimento neuropsicológico e cognitivo, ambiente familiar, adaptação psicossocial e eventos estressores recentes, além de patologias clínicas e neurológicas, uso de drogas ou medicações que possam causar sintomas psicóticos. É importante investigar complicações ocorridas durante gestação e parto, causadores de hipóxia ou dano cerebral.
Alguns autores descrevem um tipo de personalidade “pré-psicótica” em crianças muito obedientes, passivas e tímidas, e em adolescentes introvertidos e desinteressados em atividades sociais, relacionamentos de amizade ou envolvimentos íntimos.
Alguns aspectos que interferem na apresentação dos sintomas e na avaliação pelo profissional são:
  • idade;
  • capacidade de expressão verbal; (técnicas que permitem ampliar as formas de expressão são bastante úteis na avaliação: desenho, pintura, jogos ou brinquedos)
  • compreensão dos conceitos;
  • discernimento entre o real e o imaginário;
  • quociente de inteligência;
  • escolaridade;
  • grau de sugestionabilidade;
  • contexto sociocultural. (Regras sociais de comportamento e expressão afetiva sofrem variação cultural. Experiências alucinatórias e delirantes são aceitas como normais em certas culturas e religiões.)